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segunda-feira, 27 de setembro de 2010
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Ainda é preciso ler Freud?
Freud continua indispensável para compreender a gênese da civilização humana
Publicado em 10 de junho de 2010
Fernando Aguiar
Fora do círculo familiar, os 50 anos de Freud foram festejados apenas pelo pequeno grupo de psicanalistas vienenses que se reuniam em sua casa todas as quartas-feiras desde o outono de 1902. A ocasião era propícia a comemorações: não sendo mais o único analista, sua psicanálise já ultrapassara os limites de Viena – a conquista dos “arianos” de Zurique neutralizara a vil acusação de “ciência judia”. Vivia-se a fase áurea da clínica psicanalítica e, em termos de publicações de fôlego, jamais haveria para Freud ano igual ao anterior (1905). Além do livro sobre os chistes e do “Caso Dora”, houve os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, com o qual ele adicionara ao discurso do desejo (1900) o discurso da pulsão, definindo categoricamente os dois eixos centrais de sua investigação metapsicológica.Como presente de aniversário, os alunos ofereceram-lhe um medalhão, realizado pelo escultor K. M. Schwerdtner. Sobre uma face, fora gravado o perfil de Freud, e sobre a outra, a cena de Édipo em frente à Esfinge. Em volta do desenho, um verso de Édipo Rei: “Aquele que resolveu o famoso enigma e que foi um homem de enorme poder”. Lendo a inscrição, Freud teria empalidecido: “Parecia ter visto um fantasma”, escreveu E. Jones. Depois de P. Federn admitir ser o autor da escolha da citação, Freud, agitado, contou que, quando jovem estudante de medicina na Universidade de Viena, costumava olhar os bustos dos antigos professores, imaginando que um dia poderia estar entre eles: o seu traria exatamente a mesma citação de Sófocles inscrita no medalhão com o qual acabava de ser honrado.
A posição de marginalidade e ruptura da psicanálise
Desse episódio, apenas a segunda parte do sonho diurno de Freud materializou-se: afinal, como o Édipo da mitologia, ele decifrou, no plano da cultura, o próprio enigma edipiano, adentrando os mistérios da sexualidade humana. Quanto a figurar entre pares, nem seria o caso, pois de fato jamais fora médico; foi um psicanalista e um magnífico professor. Mas, na Universidade de Viena, seu estatuto não passou de um professor extraordinarius, que, no regime acadêmico da época, designava quem se encarregava de cursos que não constavam do currículo oficial obrigatório.
Esse caráter marginal permanece também o destino da psicanálise, e mesmo seu grande trunfo ou talvez condição de sobrevivência. Na academia, em particular, a psicanálise não deve estar no centro de uma formação, mas exterior aos outros domínios. O próprio Freud assumia uma incompatibilidade com toda sorte de “existência oficial” e demandava “independência em todas as direções”. O professor francês Jean Laplanche afirma que o analista [e a psicanálise] nasce e desenvolve-se apenas na marginalidade e na ruptura, e não pode garantir-se senão preservando todo um jogo de extraterritorialidades, em todos os níveis: marginalidade do tratamento em relação às instâncias da vida cotidiana, da análise pessoal em relação aos requisitos das sociedades de analistas, do exercício da análise em relação às profissões reconhecidas (médico ou psicólogo), das instituições analíticas em relação às instituições e aos reconhecimentos oficiais etc. “Como analistas, como pesquisadores e como universitários, afirmamos (…) que a experiência analítica constitui um campo epistemológico específico e autônomo”. A contrapartida é que ela não seja propriedade privada de um indivíduo ou de uma instituição.
É que ao fim e ao cabo, como teoria do inconsciente, a psicanálise acabaria por se tornar indispensável para todas as ciências que se ocupam da gênese da civilização humana e de suas grandes instituições como a arte, a religião ou a ordem social. “Creio ter introduzido alguma coisa que ocupará constantemente os homens”, escreveu Freud a Binswanger, em 1911.
Não há qualquer anseio imperialista na pretensão freudiana. Se a disciplina por ele fundada deve interessar à psicologia, às ciências da linguagem, à filosofia, à biologia, à história da civilização, à estética, à sociologia e à pedagogia, isso não faz mais do que prolongar o movimento mesmo de seu próprio pensamento, “interessado” em todas essas disciplinas, conforme nos explica S. Mijolla-Mellor (Recherches en Psychanalise, 2004). Desse ponto de vista, antes de interessar a outros campos do saber ou da cultura, é a própria psicanálise que tem interesse nesses campos, sendo eles parte constitutiva dela própria. Quanto ao interesse das outras disciplinas pela psicanálise, é certo que tal movimento não elimina o fato da resistência – e esta diz respeito à vexação psicológica dos homens diante de seus desejos inconscientes tais como apontados pela invenção freudiana. Na fundação da Associação Psicanalítica Internacional, em 1910, Freud anunciou aos colegas: “Os indivíduos aos quais fazemos descobrir o que recalcam experimentam hostilidade a nosso respeito; não podemos esperar uma amabilidade simpática da sociedade para com aqueles que desvelam impiedosamente seus defeitos e insuficiências”. Em carta a Arthur Schnitzler, ainda escreveria que a psicanálise não é “um meio de se fazer amar”.
Devemos esperar, por isso, de tempos em tempos, vilanias tais como a infame e medíocre compilação de críticas publicada na França, em 2005, com o nome de O Livro Negro da Psicanálise, no qual Freud é tratado como falsário, trapaceiro e mentiroso (tal como faz agora, em 2010, Michel Onfray em O Crepúsculo de um Ídolo: a Fabulação Freudiana). Costuma-se aproveitar essas ocasiões para mais uma vez se falar em “crise da psicanálise”, o que Jacques Lacan (1901-1981), já em 1974, refuta com vigor, em termos definitivos: “A crise (…) não existe (…).” A psicanálise ainda não encontrou seus próprios limites. Há muito que descobrir na prática e no conhecimento. Em psicanálise não há solução imediata, mas apenas a longa e paciente busca das razões”. Além disso, há Freud, arremata Lacan, “que ainda não compreendemos inteiramente”.
Fonte - Revista Cult: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/06/ainda-e-preciso-ler-freud/
terça-feira, 14 de setembro de 2010
QUANDO LEVAR MEU FILHO À UM PSICÓLOGO?
Hoje, gostaria de falar com vocês, sobre esta, que é uma dúvida freqüente:
Em que momento devo começar a pensar na possibilidade de levar meu filho para uma avaliação psicológica, e quem sabe um tratamento?
Pensando em elucidar a esta questão, aqui vão algumas perguntas as quais devemos encontrar nossas próprias respostas, mediante reflexão.
A primeira e mais importante delas é: o meu filho está tendo algum comportamento que esteja prejudicando sua qualidade de vida ou interferindo no seu cotidiano? Ou seja, algum comportamento que ele tenha, está prejudicando significativamente seu relacionamento em casa, com os amigos; seu desempenho na escola ou ainda sua saúde de forma geral?
Se a resposta para esta pergunta for sim.
Temos algumas outras questões sobre as quais seria importante pensar:
- Há quanto tempo persiste o comportamento ?
- Foram feitas tentativas de ajudar a criança a superar esta situação ?
- A criança respondeu bem, mas depois voltou ao comportamento, ou a tentativa não teve sucesso?
- Existe apenas um problema, ou o problema visível (apresentado) faz parte de um número maior de problemas, alguns dos quais talvez não sejam imediatamente óbvios ?
- Talvez não seja um problema com ele, de fato, mas não estou conseguindo lidar com esta situação, neste momento?
Diante destas perguntas, e a reflexão sincera com relação as respostas, temos um bom ponto de partida, e podemos chegar a uma conclusão sobre a importância do olhar de um profissional especializado neste momento.
A seguir, colocarei algumas situações que podem nos indicar a necessidade de uma avaliação:
As crianças em geral mostram sua angústia direta e claramente através de seu comportamento (por ex. sentir medo frequentemente, fobia, ficar zangada, bater, chorar, ficar agitada e/ou apresentar falta de atenção constante, comportamentos ritualísticos – ex: lavar as mãos muitas vezes,... queixar-se de dores de cabeça, estômago, falta de ar sem motivos aparentes ou orgânicos previamente avaliados por um médico, compulsão ou ainda apresentar outros comportamentos marcantes e inadequados). Às vezes, no entanto, elas se comunicam de maneiras mais sutis. Por exemplo, as crianças podem ficar muito quietas ou retraídas (um comportamento aparentemente não problemático), podem ficar relutantes em brincar com outras crianças ou mostrar menos imaginação quando estão brincando.
Esses são alguns sintomas ou sinais que podem indicar que seu filho precisa de ajuda.
Num primeiro momento o profissional que o atender fará entrevistas com a família, após o que se iniciará o período de avaliação da crianças, que deverá ter duração de algumas sessões.
Então, o psicoterapeuta lhe dirá qual é a sua opinião. Se ele julgar que existe um problema, pode recomendar que seu filho entre em tratamento.
O tratamento psicoterápico é bastante variável quanto aos procedimentos à serem utilizados e a sua duração. Estes aspectos dependerão do tipo de questões que seu filho apresenta, bem como da aderência não só da criança, mas também da família ao tratamento. E este é um ponto muito importante a ser abordado: quando uma criança entra em processo de psicoterapia, o acompanhamento, a participação e a aderência da família são fundamentais para que se obtenha o melhor resultado. E o melhor resultado, por assim dizer, sempre será O BEM ESTAR DO SEU FILHO E DA SUA FAMÍLIA.
Prolongar fatores estressantes e comportamentos inadequados do ponto de vista do bem estar podem causar sérios prejuízos à vida futura de seu filho.
A prevenção e o tratamento psicoterápico na infância e na adolescência oferecem maior possibilidade ao seu filho de não cristalizar comportamentos que poderão ser nocivos à sua vida, de modo a embotar consideravelmente a possibilidade de aproveitamento das oportunidades que a vida pode lhe oferecer tanto do ponto de vista dos relacionamentos quanto da vida profissional e todos os demais aspectos que a envolvem.
Assim, percebendo a necessidade, procure serviço especializado.
Em que momento devo começar a pensar na possibilidade de levar meu filho para uma avaliação psicológica, e quem sabe um tratamento?
Pensando em elucidar a esta questão, aqui vão algumas perguntas as quais devemos encontrar nossas próprias respostas, mediante reflexão.
A primeira e mais importante delas é: o meu filho está tendo algum comportamento que esteja prejudicando sua qualidade de vida ou interferindo no seu cotidiano? Ou seja, algum comportamento que ele tenha, está prejudicando significativamente seu relacionamento em casa, com os amigos; seu desempenho na escola ou ainda sua saúde de forma geral?
Se a resposta para esta pergunta for sim.
Temos algumas outras questões sobre as quais seria importante pensar:
- Há quanto tempo persiste o comportamento ?
- Foram feitas tentativas de ajudar a criança a superar esta situação ?
- A criança respondeu bem, mas depois voltou ao comportamento, ou a tentativa não teve sucesso?
- Existe apenas um problema, ou o problema visível (apresentado) faz parte de um número maior de problemas, alguns dos quais talvez não sejam imediatamente óbvios ?
- Talvez não seja um problema com ele, de fato, mas não estou conseguindo lidar com esta situação, neste momento?
Diante destas perguntas, e a reflexão sincera com relação as respostas, temos um bom ponto de partida, e podemos chegar a uma conclusão sobre a importância do olhar de um profissional especializado neste momento.
A seguir, colocarei algumas situações que podem nos indicar a necessidade de uma avaliação:
As crianças em geral mostram sua angústia direta e claramente através de seu comportamento (por ex. sentir medo frequentemente, fobia, ficar zangada, bater, chorar, ficar agitada e/ou apresentar falta de atenção constante, comportamentos ritualísticos – ex: lavar as mãos muitas vezes,... queixar-se de dores de cabeça, estômago, falta de ar sem motivos aparentes ou orgânicos previamente avaliados por um médico, compulsão ou ainda apresentar outros comportamentos marcantes e inadequados). Às vezes, no entanto, elas se comunicam de maneiras mais sutis. Por exemplo, as crianças podem ficar muito quietas ou retraídas (um comportamento aparentemente não problemático), podem ficar relutantes em brincar com outras crianças ou mostrar menos imaginação quando estão brincando.
Esses são alguns sintomas ou sinais que podem indicar que seu filho precisa de ajuda.
Num primeiro momento o profissional que o atender fará entrevistas com a família, após o que se iniciará o período de avaliação da crianças, que deverá ter duração de algumas sessões.
Então, o psicoterapeuta lhe dirá qual é a sua opinião. Se ele julgar que existe um problema, pode recomendar que seu filho entre em tratamento.
O tratamento psicoterápico é bastante variável quanto aos procedimentos à serem utilizados e a sua duração. Estes aspectos dependerão do tipo de questões que seu filho apresenta, bem como da aderência não só da criança, mas também da família ao tratamento. E este é um ponto muito importante a ser abordado: quando uma criança entra em processo de psicoterapia, o acompanhamento, a participação e a aderência da família são fundamentais para que se obtenha o melhor resultado. E o melhor resultado, por assim dizer, sempre será O BEM ESTAR DO SEU FILHO E DA SUA FAMÍLIA.
Prolongar fatores estressantes e comportamentos inadequados do ponto de vista do bem estar podem causar sérios prejuízos à vida futura de seu filho.
A prevenção e o tratamento psicoterápico na infância e na adolescência oferecem maior possibilidade ao seu filho de não cristalizar comportamentos que poderão ser nocivos à sua vida, de modo a embotar consideravelmente a possibilidade de aproveitamento das oportunidades que a vida pode lhe oferecer tanto do ponto de vista dos relacionamentos quanto da vida profissional e todos os demais aspectos que a envolvem.
Assim, percebendo a necessidade, procure serviço especializado.
Texto extraido de um blog super legal: http://psicologiainfantilsa.blogspot.com/
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Psicanálise de Crianças
Os primórdios da análise de crianças remontam a mais de duas décadas atrás, ao tempo em que Freud conduziu sua análise do “Pequeno Hans”. O grande significado teórico dessa primeira análise de uma criança está em duas direções. O seu êxito no caso de uma criança de menos de 5 anos mostrou que os métodos psicanalíticos podiam ser aplicados à crianças pequenas; e, talvez mais importante ainda, a análise pode estabelecer indubitavelmente a existência das tendências pulsionais infantis até aqui muito questionadas na própria criança, tendências que Freud havia descoberto no adulto.
Além disso, Os resultados obtidos a partir dela acenaram com a esperança de que outras análises de crianças pequenas nos dariam um conhecimento mais profundo e mais acurado do funcionamento de sua mente do que a análise de adultos havia dado e, desse modo, poderiam trazer contribuições importantes e fundamentais à teoria da psicanálise. Mas essa esperança não se realizou durante muito tempo. Por muitos anos a análise de crianças continuou a ser uma região relativamente inexplorada dentro da psicanálise, tanto como ciência como quanto terapia. Embora vários analistas, em particular a Dra. H. v. Hug-Hellmuth, tenham desde então empreendido análises de crianças, nenhuma regra fixa com respeito à sua técnica ou aplicação foi formulada. Essa é, sem dúvida, a razão pela qual as grandes potencialidades práticas e teóricas da análise de crianças não foram ainda apreciadas de modo geral, e porque esses princípios e aspectos fundamentais da psicanálise, há muito adotados no caso de adultos, ainda têm de ser esclarecidos e provados no que diz respeito às crianças.
Apenas nos últimos 10 anos aproximadamente é que mais trabalho foi feito no campo da análise de crianças. No essencial, dois métodos surgiram – um representado por Anna Freud e outro por mim.
Anna Freud foi conduzida por seus achados referentes ao ego da criança à modificar a técnica clássica e elaborou seu método de analisar crianças do período de latência independentemente da minha técnica. Suas conclusões teóricas são sob certos aspectos diferentes das minhas. Em sua opinião as crianças não desenvolvem uma neurose de transferência, e, assim sendo, uma condição fundamental para o tratamento analítico se encontra ausente. Além disso, ela acredita que um método semelhante àquele empregado com adultos não deva ser aplicado à crianças, pois o ideal de ego infantil delas é ainda excessivamente frágil. Essas opiniões diferem das minhas. Minhas observações me ensinaram que também as crianças desenvolvem uma neurose de transferência análoga à das pessoas adultas, contato que empreguemos um método que seja o equivalente da análise de adultos, isto é, que evite todas as medidas educacionais e que analise plenamente os impulsos negativos dirigidos ao analista. Ensinaram-me também que, nas crianças de todas as idades, é muito difícil mitigar a severidade do superego mesmo numa análise profunda. Além disso, na medida em que não recorre à nenhuma influência educacional, a análise não apenas não faz mal ao ego da criança como na realidade o fortalece.
Seria sem dúvida uma tarefa interessante fazer uma comparação pormenorizada desses dois métodos com base nos dados factuais e avaliá-los de um ponto de vista teórico. Mas devo me contentar nestas páginas em dar um relato da minha técnica e das conclusões teóricas a que ela me possibilitou chegar. É tão relativamente pouco o que se conhece atualmente sobre a análise de crianças que nossa primeira tarefa deve ser a de lançar luz sobre os problemas da análise infantil a partir de vários ângulos e de agrupar os resultados até aqui obtidos.
Melanie Klein,
Londres,
Julho de 1932
Texto extraido do Blog: http://ibeibsb.blogspot.com/p/psicanalise-de-criancas.html
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Filme: Meninos Não Choram
Saiba como Teena Brandon se tornou Brandon Teena e passou a reivindicar uma nova identidade, masculina, numa cidade rural de Falls City, Nebraska. Brandon inicialmente consegue criar uma imagem masculinizada de si mesma, se apaixonando pela garota com quem sai, Lana, e se tornando amigo de John e Tom. Entretanto, quando a identidade sexual de Brandon vem público, a revelação ativa uma espiral crescente de violência na cidade.
titulo original: (Boys Don't Cry)
lançamento: 1999 (EUA)
direção: Kimberly Peirce
atores: Hillary Swank , Chloë Sevigny , Peter Sarsgaard , Brendan Sexton III , Alison Folland
duração: 114 min
gênero: Drama
status: arquivado
Ao mudar de cidade, Teena (Hilary Swank, em atuação formidável) passa a vestir-se como um rapaz; experimenta o prazer de dirigir em alta velocidade, de ser tratado como igual pelos amigos, e de ser desejado pelas garotas. Brandon se encanta com Lana (Chloe Sevigny, uma forte e tocante presença em cena), que passa a ser sua namorada. Não sabemos em que ponto Lana fica sabendo que Brandon não é de fato um garoto, mas ela acaba sabendo, assim como sua família, e aí vem a tragédia. John (Peter Sarsgaard) e Tom (Brendom Sexton III) são amigos de Lana e Brandon mas, quando descobrem sua verdadeira identidade, tratam de castigá-la brutalmente como a um rapaz. Ao final, descobrimos que os dois são psicopatas e que, embora os fatos sejam verídicos, fica faltando algo que justifique o que fazem. Essa é a única ressalva a ser feita num filme cheio de raras qualidades. O filme atinge seu clímax na revelação da identidade de Brandon, quando ele é forçado a tirar a roupa - e vemos, como os que estão a sua volta, que ele é uma menina. A nudez de Brandon é a maior violação, maior que o estupro; é a violação de sua identidade, de sua alma de rapaz. Ao decorrer do filme, vemos Brandon tomar forma, realizar-se como homem. A descoberta é um trauma irrestituível, um dano moral, espiritual, e tambem social, pois se estende aos que estão a sua volta.
A historia de Brandon é uma tragédia genuína e contemporânea. A busca da identidade passa, para ele, pela mudança de sexo, pela conquista, através da sexualidade, de uma nova e mais verdadeira condição. Brandon é um herói do nosso tempo, e foi retratado com muita delicadeza e propriedade por Kimberly Pierce.
Fonte: Site psicologia Viva: http://www.psicologiaviva.com.br/exibe_noticias.php?id=1560
Freud e a Teoria Social
Vladimir Safatle
Freud é um autor fundamental no esforço de constituir um campo de reflexão sobre a modernidade. O recurso a ele foi uma constante em várias correntes de pensamento do século 20 e a razão para tal constância era evidente: longe de se colocar apenas como uma clínica do sofrimento psíquico, a psicanálise freudiana procurou, desde seu início, ser reconhecida também como teoria das produções culturais para desvendar a maneira com que sujeitos mobilizam sistemas de crenças, afetos, desejos e interesses para legitimar modos de integração a vínculos sociopolíticos. Freud afirmava que “mesmo a sociologia, que trata do comportamento dos homens em sociedade, não pode ser nada mais que psicologia aplicada. Em última instância, só há duas ciências, a psicologia, pura e aplicada, e a ciência da natureza”.
Partir do patológico sem reduzir o social
Não se trata aqui de reduzir a dimensão do social ao psicológico. Na verdade, esse recurso à psicanálise apenas realizava a intuição do sociólogo alemão Max Weber a respeito da necessidade de explicar como a racionalidade dos vínculos sociais depende fundamentalmente da disposição dos sujeitos em adotar certos tipos de conduta.
Em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber lembrava como a racionalidade econômica do capitalismo dependia fundamentalmente da disposição dos sujeitos em adotar os tipos de conduta ligados a um modo de ser que remetia à ética protestante do trabalho e da convicção, estranha ao cálculo utilitarista, e cuja gênese deve ser procurada no calvinismo. Sem essa ética internalizada, os sujeitos nunca desenvolveriam disposições para trabalhar, poupar e acumular do modo que o capitalismo exigia. No caso de Freud, essa análise das disposições individuais nascia de uma maneira peculiar. Em vez de partir do que deveria ser normal a todos os sujeitos, Freud partia da análise daqueles que, de certa forma, portavam as marcas do fracasso da razão, daqueles que guiavam suas condutas de maneira “patológica” e “irracional”. No entanto, o que Freud procurava era transformar a compreensão do patológico no modo de acesso ao verdadeiro mecanismo do comportamento normal. O que não poderia ser diferente para alguém que acreditava que a conduta patológica expõe, de maneira ampliada, o que está realmente em jogo no processo de formação das condutas sociais gerais. É dessa forma que devemos interpretar uma metáfora maior de Freud: “Se atiramos ao chão um cristal, ele se parte, mas não arbitrariamente. Ele se parte, segundo suas linhas de clivagem, em pedaços cujos limites, embora fossem invisíveis, estavam determinados pela estrutura do cristal”. O patológico é esse cristal partido que, graças à sua quebra, fornece a inteligibilidade do comportamento definido como normal.
Por exemplo, Freud nunca cansou de lembrar que “um ser humano se torna neurótico por não poder suportar a frustração (Versagung) imposta pela sociedade com seus ideais culturais”, sem que essa impossibilidade o leve ao ponto de negar todo e qualquer interesse por tais ideais. Para assumir tais ideais, os sujeitos devem estabelecer certo compromisso entre suas exigências individuais de satisfação e aquilo que é socialmente permitido. Tal compromisso exige, necessariamente, aceitar certa frustração, submeter-se a certa coerção e conflito. Esse é, para Freud, um traço geral dos processos de socialização. No entanto, os neuróticos vivem tal compromisso como fonte profunda de sofrimento psíquico. Entender as causas de tal sofrimento psíquico nos permite, por outro lado, apreender a verdadeira natureza dos compromissos presentes em todo processo de assunção de ideais, normas e valores sociais. Dessa forma, poderemos partir da frustração patológica para, ao final, encontrar seus traços em todo comportamento normal.
Notemos um dado fundamental aqui. Quando alguém está doente, cremos que sabemos isso porque comparamos sua situação com uma situação normal da qual disporíamos previamente. Ou seja, a doença nos aparece como uma derivação do normal. No entanto, Freud faz praticamente o inverso. Ele parte do sofrimento vivenciado pelo doente que procura amparo clínico. Em vez de simplesmente curá-lo, ele procura inicialmente mostrar como seu sofrimento expõe conflitos e processos gerais na constituição de todo e qualquer indivíduo. Isso lhe permite problematizar uma noção demasiadamente normativa e sublimada de normalidade.
No entanto, não se trata com isso de simplesmente negar a distinção entre normal e patológico. Podemos dizer que, no caso de Freud, temos uma diferença qualitativa fundamental entre normal e patológico. Se é verdade que o patológico permite a visibilidade de processos e conflitos presentes no comportamento normal, é porque o patológico transforma em motivo de quebra aquilo que o comportamento normal é capaz de suportar sem cindir-se e dissociar-se.Por exemplo, a ambivalência entre amor e ódio na relação com o objeto de desejo, assim como a erotização da autoridade, é um traço que encontramos em todo comportamento. Mas é na neurose obsessiva que tal ambivalência e tal processo são vivenciados para produzir necessariamente sintomas, inibições e angústia. Ou seja, há uma diferença qualitativa na vivência de processos estruturalmente semelhantes. Eles ganham visibilidade, como os sulcos do cristal quebrado, porque começam a produzir fenômenos que não produziriam em algo que poderíamos chamar de uma situação normal (e que nada mais é do que a ausência de certos sintomas, inibições e angústias em outras situações patológicas, já que não há sujeitos sem sintomas de sofrimento psíquico).Mas dizer que o patológico é o ponto que fornece a visibilidade do que está em jogo nas condutas sociais gerais significa, necessariamente, dizer que “normal” e “patológico” são categorias que podem ser utilizadas para compreender fatos sociais. Proposição aparentemente temerária, a não ser que mostremos que a verdadeira crítica social pode ser algo como uma “análise de patologias do social”. Talvez essa seja a lição que podemos tirar ao tentar trazer Freud para o domínio da teoria da sociedade.
Da necessidade de críticas totalizantes
Nesse sentido, podemos dizer que o recurso a Freud nos permite compreender que uma crítica social é indissociável da análise dos procedimentos de socialização que visam conformar sujeitos a formas de vida aspirantes a uma validade que não se reduz apenas aos domínios da tradição e do hábito. Por um lado, sabemos como os dispositivos de formação e de individuação presentes nas dinâmicas de socialização são legíveis a partir daquilo que compreendemos como sendo processos de identificação mimética e de investimento libidinal. Até porque socializar é, fundamentalmente, “fazer como”, atuar a partir de tipos ideais que servem de modelos de identificação e de polo de orientação para os modos de desejar, julgar, falar e agir. Mas sabemos também que essa identificação com tipos ideais não pode ser descrita simplesmente a partir de considerações sobre as pressões de conformação presente em núcleos elementares de interação social (família, instituições sociais, mídias). Freud compreendeu que as estruturas elementares que orientam o que está em jogo nesses núcleos de interação são figuras privilegiadas da razão. As exigências de racionalidade presentes nesses núcleos são, necessariamente, manifestações privilegiadas do que estamos dispostos a contar como racional. No entanto, nunca deixará de colocar a questão: “o que é necessário perder para se conformar a exigências de racionalidade presentes em processos hegemônicos de socialização e de individuação?”, ou, ainda, “qual o preço a pagar, que tipo de sofrimento devemos suportar, qual o cálculo econômico necessário para viabilizar tais exigências?”.
Essa questão está claramente enunciada em trechos como, por exemplo: “Grande parte das lutas da humanidade centralizam-se em torno da tarefa única de encontrar uma acomodação conveniente, ou seja, um compromisso (Ausgleich) que traga felicidade entre reivindicações individuais e culturais; e um problema que incide sobre o destino da humanidade é o de saber se tal compromisso pode ser alcançado através de uma formação determinada da civilização ou se o conflito é irreconciliável”. Pois devemos nos perguntar o que deve acontecer ao sujeito para que ele possa se pautar por um regime de racionalidade que impõe padrões de ordenamento, modos de organização e estruturas institucionais de legitimidade. Como deve se organizar sua economia libidinal para que ele possa ser reconhecido, como sujeito agente, por estruturas institucionais que aspiram garantir a racionalidade de nossas dinâmicas sociais. Toda discussão freudiana clássica da imbricação entre socialização e repressão, que encontramos em textos como O Mal-estar na Civilização, é apenas o ponto mais visível desse problema.
Essas perguntas são fundamentais por nos levarem a uma visão renovada do que pode ser a crítica social. Sendo os núcleos de interação social modos de realização de formas de ordenamento, de determinação de validade do que estamos dispostos a contar como racional, então a verdadeira crítica social deverá ser uma análise das formas de vida que se perpetuam por meio dos modos institucionais de reprodução social.
No entanto, como bem nos lembra Axel Honneth, sabemos desde ao menos Rousseau que tal análise pode nos levar à denúncia ampla do caráter distorcido das formas de vida na modernidade ocidental. Nesse caso, ela se transforma em crítica da natureza patológica de tais formas de vida com suas exigências de autoconservação e reprodução social. Notemos que, aqui, uma forma de vida poderia ser chamada de “patológica” por produzir um sofrimento social advindo da impossibilidade de dar conta de exigências de reconhecimento dos sujeitos em suas expectativas de autorrealização. Ou seja, nesse caso, a estrutura conceitual e valorativa “normal”, cuja internalização constitui sujeitos agentes, produtores de deliberações racionais, já seria “patológica”, pois indissociável da perpetuação de uma situação de sofrimento advinda, ao menos no caso de Rousseau, da perda de um horizonte originário que se confunde com a natureza como plano positivo de doação de sentido.
Se deixarmos de lado a temática rousseauísta do retorno à origem, é bem possível que esse esquema esteja animando algo da intuição freudiana. Trata-se de se perguntar se o sofrimento social que produz patologias não expõe, de maneira mais clara, o funcionamento dos processos de formação de subjetividades normais. Trata-se, ainda, de investigar se isso não nos obrigaria a perguntar pelos conflitos que estão por trás dos sistemas de normas e regras que compõem a vida social e, principalmente, por novas maneiras de gerir tais conflitos.
Com informações do Site Revista Cult - UOL
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Encontro de Psicanálise sobre Bion, em Brasília
I Encontro de Psicanálise Pensando em Bion: a clínica e a teoria, será promovido pela Sociedade de Psicanálise de Brasília (SPB), nos dias 15 (sexta-feira, à noite) e 16 (sábado, de manhã e à tarde) de outubro de 2010.
O evento será realizado no IESB da Asa Sul e os valores são estes: R$ 30 para estudantes do IESB; R$ 50 para membros da FEBRAPSI, professores do IESB e outros estudantes; R$ 70 para outros profissionais.
A programação completa e a ficha de inscrição (ambas em formato DOC) estão disponíveis no site da SBP.
Para quem não conhece Wilfred Bion (1897-1979), ele foi um eminente psicanalista, que recebeu treinamento de Melanie Klein e desenvolveu importantes trabalhos sobre relações objetais e experiências com grupos. Esteve no Brasil na década de 70 para conferir uma série de seminários e, a partir de então, tornou-se referência para muitos psicanalistas brasileiros.
O evento será realizado no IESB da Asa Sul e os valores são estes: R$ 30 para estudantes do IESB; R$ 50 para membros da FEBRAPSI, professores do IESB e outros estudantes; R$ 70 para outros profissionais.
A programação completa e a ficha de inscrição (ambas em formato DOC) estão disponíveis no site da SBP.
Para quem não conhece Wilfred Bion (1897-1979), ele foi um eminente psicanalista, que recebeu treinamento de Melanie Klein e desenvolveu importantes trabalhos sobre relações objetais e experiências com grupos. Esteve no Brasil na década de 70 para conferir uma série de seminários e, a partir de então, tornou-se referência para muitos psicanalistas brasileiros.
Site interessante!
Para quem quiser visitar, este site é bem interessante e está sempre bem atualizado.
http://kanzlermelo.wordpress.com/
Abraços!
http://kanzlermelo.wordpress.com/
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