quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Por que fazer terapia?



Muitas pessoas ainda deixam de procurar um psicoterapeuta por preconceito ou vergonha. Para muitos, psicólogos só cuidam de loucos. Outros pensam: Porque ir num psicoterapeuta se você pode conversar com um amigo ou ler um livro de auto-ajuda?
Quantas vezes não contamos algo para alguém em busca de apoio e compreensão, somente para no fim nos sentirmos incompreendidos e decepcionados? Um amigo pode ajudar, mas ele não é um profissional, não conseguirá ser imparcial e provavelmente não está capacitado para ajudá-lo diante do enorme leque de dificuldades que encontramos durante a vida.
Há aqueles que duvidam que "conversar" possa ajudar em alguma coisa, mas a palavra é capaz de curar. Hoje, pesquisas com neuro-imagem funcional já comprovam a eficácia e os benefícios da psicoterapia. Desta forma, a tendência é que com o tempo o estigma vá diminuindo e as pessoas percebam que o cuidado preventivo com a saúde mental, é tão importante quanto cuidar da saúde física.
Muitos dos problemas com que lidamos na psicoterapia estão fora do nosso escopo de consciência. Ou seja: padrões inconscientes estão afetando a maneira como agimos e como nos sentimos. O psicoterapeuta é um profissional treinado e formado para perceber esses padrões, e ajudar o paciente a percebê-los e a mudá-los.
Em muitos casos, sabemos o que devemos fazer, mas não conseguimos. Isso ocorre porque existe uma diferença entre a compreensão intelectual de uma coisa, e a compreensão que vem do insight terapêutico, que ocorre de forma mais ampla do que a compreensão intelectual.
As pessoas geralmente evitam buscar ajuda de um psicólogo clínico até que a situação se torne insustentável, ou que apareçam sintomas físicos. A separação entre o corpo e a mente só existe na teoria. Na prática, você é o seu corpo, e mais e mais pesquisas vem comprovando o quanto o que sentimos e pensamos afeta o funcionamento do nosso corpo físico. Quando a psique está em desarmonia e não cuidamos dela, acabam surgindo sintomas físicos ou doenças psicossomáticas. Esses são os sinais de alerta do corpo, de que algo não vai bem.

A Psicanálise de Freud

Freud (1856-1939) tinha formação em neurologia, mas abandona o laboratório de fisiologia e se dedica à clínica psicanalítica. Ao receber em sua clínica certos pacientes, Freud se defrontou com a falta de instrumental neurológico para responder ao sofrimento deles. Nesses pacientes, a medicina tradicional não reconhecia a existência de uma doença, pois não podiam identificar neles lesões orgânicas, considerando ilegítimo o sofrimento desses sujeitos. Mas Freud lançou-se a ouvir o sofrimento desses pacientes e a tratar seu sintomas como resultado de uma dinâmica psíquica. Freud define como o objeto de estudo da psicanálise o inconsciente, que por definição não pode é um fenômeno positivo (no sentido de que não é dado diretamente à observação) e cria uma técnica de acesso a esse inconsciente. Ele cria uma nova teoria psicológica e a transforma em um método de tratamento, que entra em contato com as experiências subjetivas individualizadas dos sujeitos. A vivência do sujeito é extremamente valorizada nessa teoria, sendo compreendida e ultrapassada no seu sentido aparente, chega-se a uma experiência mais profunda da experiência imediata.