segunda-feira, 5 de maio de 2014

Uma revisão sobre a Psicanálise Infantil

As particularidades da clínica com crianças inquirem os conhecimentos já organizados sobre os sintomas e as possibilidades de abordagem psicanalítica. Quando se trata de crianças, a clínica se constitui no entrecruzamento de subjetividades, imprimindo impasses e possibilidades para o paciente, seus pais e o analista ( TEIXEIRA, 2006).
Alguns poucos analistas que questionam a possibilidade da criança desfrutar de uma análise nos mesmos moldes de um paciente adulto. No entanto, é importante pensar como a clínica psicanalítica direcionada à infância, principalmente à primeira infância, nos confronta com uma mudança de paradigma: de uma clínica baseada no significante e na linguagem em sua dimensão verbal, para uma clínica voltada para a idéia de construção e de contenção/continente (ZORNIG, 2008).
Sabemos que não existem teorias específicas para analisar o discurso da criança. Freud se refere ao jogo da criança em vários trabalhos, onde se refere a essa atividade, como um discurso onde o inconsciente produz seus efeitos. Trata-se então, não de criar técnicas, mas de escutar esse discurso característico que a criança sustenta nas formações do inconsciente. À medida que a criança começou a brinca no consultório, foi preciso criar técnicas como ludoterapias, dramatizações, etc., para chegar ao seu inconsciente. Esta mudança ao nível da técnica levou também a uma mudança na teoria, chegando ao ponto de se desconhecer a paternidade freudiana que caracteriza a psicanálise como tal (VIDAL, s.d.).
O objetivo desse trabalho é demonstrar a importância do tratamento psicoterapêutico infantil sob a ótica da Psicanálise, analisando aspectos da teoria psicanalítica sobre a atividade lúdica na infância, o envolvimento dos pais nesse processo, destacando ainda alguns importantes referenciais teóricos.

1 Panorama Histórico da Psicanálise Infantil

A psicanálise de criança início-se num momento em que a comunidade analítica discutia a formação do analista e tentava institucionalizar essa formação. Nos anos pós-guerra, a preocupação com o mau uso da psicanálise e o temor do charlatanismo colaborou para a controvérsia sobre a conveniência ou não de autorizar os não médicos a este exercício (CAMAROTTI, 2010).
A primeira análise realizada com uma criança foi a do Pequeno Hans (Sigmund Freud, em 1909) e teve grande importância por demonstrar que os métodos psicanalíticos podiam ser aplicados também às crianças. Naquela ocasião, Freud já mencionava que a criança é psicologicamente diferente do adulto, não possuindo ainda um Superego estruturado. Para ele, as resistências internas que combatemos no adulto ficam substituídas na criança por dificuldades externas. Mas, o interesse pela psicoterapia infantil só iria surgir, efetivamente, com os pós-freudianos (SILVA E SANTOS, 2008).
A partir desse momento, vale destacar que o interesse pela psicanálise infantil só surgiria efetivamente, com os pós-freudianos. Freud proporcionou modificações às noções já existentes acerca da criança e da infância e, em 1933, retomou os debates sobre a expansão do campo teórico e clínico da psicanálise para a prática analítica com as crianças, época em que, Anna Freud, Melanie Klein e Sophie Morgentern, já haviam publicado seus primeiros trabalhos sobre o tema, partindo do caminho por ele aberto, embora, resultando em teorias diversas e até mesmo opostas em relação à posição da criança como sujeito inconsciente (SILVA E SANTOS, 2008).
Segundo Priszkulnik (1995), a descoberta da sexualidade infantil, sem indícios de degenerescência ou de devassidão prematura ou como curiosa anomalia da natureza, provoca, então, protestos e espanto na sociedade conservadora do final do século XIX, visto que nessa época a criança era tida como um símbolo de pureza, um ser assexuado. Assim, para a desordem da comunidade científica e da moralidade cristã-vitoriana de então, a sagrada associação entre a criança e a inocência fica abalada.
De acordo com Camarotti (2010), a psicanálise de criança originou-se com contorno marginal e em busca de validação. Foi devido ao fato de ter sido criada por duas mulheres, Anna Freud e Melanie Klein, ambas protagonizando uma concorrência fraterna em busca de aprovação junto ao pai da psicanálise? Ou foi devido ao fato de ter surgido em meio a segredos e de forma incestuosa, quando sabemos que Anna Freud foi analisada pelo pai, que Klein analisou o próprio filho, que Abraham analisou a sua filha Hilda, e Jung a sua "pequena Agathli"? Além de que a primeira análise infantil, a do "pequeno Hans", foi realizada pelo próprio pai, Max Graf.
Poderiam os primórdios da psicanálise de criança ser considerados como construção conjunta entre pais e filhos, já que foram as crianças que forneceram inocentemente material (sonhos, jogos, falas) aos seus pais, ávidos em transmitir suas observações a Freud? O mesmo Freud que disse a Emma Jung não ter tempo de analisar os sonhos dos seus filhos, pois precisava ganhar dinheiro para que esses continuassem a sonhar (CAMAROTTI, 2010).

2 As Duas Correntes da Psicanálise em Crianças

A técnica em Psicanálise infantil passou por várias transformações ao longo do tempo. Desde o método clínico de Klein e de seus seguidores, foi exacerbada a importância do trabalho extenuante de interpretação em análise de crianças. Tendo em vista à decodificação do significado da brincadeira desenvolvida na sessão analítica, encontramos, atualmente, modelos teóricos que expandem ou que modificam essas abordagens originais (FELICE, 2003).
Se empregarmos esta concepção à clínica psicanalítica com crianças, podemos entender melhor as razões dos notáveis debates entre Anna Freud e Melanie Klein sobre a possibilidade de uma criança transferir ao analista em função do vínculo afetivo a seus objetos fundamentais, já que subjacente a essa discussão encontrava-se uma determinada concepção sobre a estruturação do psiquismo na infância e as relações objetais precoces. Enquanto Anna Freud propunha uma análise baseada na noção de um aparelho psíquico em constituição, Melanie Klein postulava um psiquismo constituído desde os primórdios, privilegiando a atividade fantasmática da criança (ZORNIG, 2008).

2.1 Alguns Conceitos Kleinianos na Psicanálise da Criança

Segundo Oliveira, (2007), uma das principais contribuições da teorização kleiniana são os conceitos de posição esquizoparanóide e posição depressiva. Estes são períodos normais do desenvolvimento que perpassam a vida de todas as crianças, tais como as fases do desenvolvimento psicossexual criadas por Freud. Contudo, são mais maleáveis do que estas fases, devido ao fato de instalarem–se por necessidade, e não por maturação biológica (embora a autora não deixe de considerar as fases da teoria freudiana a respeito do desenvolvimento infanto–juvenil).
Segundo Simon (1986), o bebê nasce imerso na posição esquizoparanóide, cujas principais características são: a fragmentação do ego; a divisão do objeto externo (a mãe), ou mais particularmente de seu seio, já que este é o primeiro órgão com o qual a criança estabelece contato, em seio bom e seio mau – o primeiro é aquele que a gratifica infinitamente enquanto o segundo somente lhe provoca frustração – a agressividade e a realização de ataques sádicos dirigidos à figura materna.
Outro conceito importante na clínica de Klein foi o de Fantasia. De acordo com Klein, a fantasia pode ser considerada uma estrutura através da qual o sujeito se relaciona com os objetos exteriores. Durante o período inicial da vida, a mente infantil funciona basicamente através de fantasia inconsciente, a qual suplementa o pensamento racional enquanto este não estiver desenvolvido. As fantasias são inatas no sujeito, uma vez que são as representantes dos instintos, tanto os libidinais quanto os agressivos, os quais agem na vida desde o nascimento. Elas apresentam componentes somáticos e psíquicos, dando origem a processos pré–conscientes e conscientes, e acabam por determinar, desta forma, a personalidade. Pode–se concluir que as fantasias são a forma de funcionamento mental primária, de extrema importância neste período inicial da vida (OLIVEIRA, 2007).
Ainda em Oliveira (2007), Klein em sua clínica, percebe que as crianças têm uma imagem de mãe dotada de uma imensa maldade, o que, na maioria das vezes, não corresponde à mãe real. Daí surgiu o conceito de fantasia kleiniano, a partir da hipótese de que as crianças estão lidando com uma deformação da mãe verdadeira, a qual é criada em sua  mente de maneira fantasmática. Melanie Klein fundamentou toda sua teoria evidenciando as fantasias inconscientes, presentes nas relações objetais primitivas.

2.2 Conceitos de Ana Freud na Psicanálise da Criança

Ana Freud considerava as crianças muito frágeis para submeterem-se a uma análise e não acreditava que elas pudessem desenvolver a transferência e nem tão pouco associar livremente, devido a sua imaturidade psíquica. E dizia que o Complexo de Édipo não deveria ser examinado muito profundamente em função da imaturidade do Superego. E, também com base nesse raciocínio, ela defendia que a abordagem psicanalítica deveria vir associada a uma ação educativa (pedagogia psicanalítica) (SILVA & SANTOS, 2008).
Segundo Silva e Santos (2008), Ana Freud afirma que a análise do adulto tropeça com dificuldades maiores já que diz respeito a objetos amorosos mais arcaicos e mais importantes do individuo (os seus pais, que introjetou por meio da identificação e cuja lembrança é protegida pela piedade filial). Enquanto que nos casos de crianças os conflitos envolvem pessoas vivas que existem no mundo exterior e que ainda não se encontram estabelecidas na memória. Anna Freud dizia que o analista de crianças além do treinamento analítico propriamente dito, também deveria possuir um segundo componente: o conhecimento pedagógico.
Ela adverte que o analista deve se aplicar em colocar-se no lugar do Ego-Ideal da criança por toda a duração da análise; não deve iniciar seu trabalho de análise até que se tenha assegurado de que a criança esteja desejosa em seguir seu comando. Segundo ela, o analista precisa ter habilidade para conduzir o relacionamento entre o Ego da criança e os seus instintos e, esclarece que o Superego da criança é fraco; visto que, as exigências do Superego assim como a neurose acham-se em dependência do mundo exterior. Explica ainda, que a criança é incapaz de controlar os instintos liberados e que o analista precisa dirigi-los. Posteriormente Anna Freud reconheceu as descobertas de Melanie Klein, em que esta comprovou a existência de um campo transferencial na análise de crianças e estabeleceu a correspondência entre a associação livre e as técnicas de jogo (SILVA & SANTOS, 2008).

3 A Psicanálise da Criança

3.1 O Brincar na Psicanálise de Crianças

O “brincar” tem um papel muito importante na análise de crianças, e pode ser considerado um processo análogo as associações livres que ocorrem na análise dos adultos. A sequência de brincadeiras, sua importância e significados, devem ser observados e analisados atentamente.
Segundo Mrech (1999), um aspecto importante a ser observado é que o brincar da criança não é apenas um ato natural de um determinado momento. Ele traz a história de cada criança, desvendando quais foram os efeitos de linguagem e da fala, sob a forma de uma rede transferencial específica. Para a Psicanálise, não se deve confundir os objetos concretos (brinquedos e jogos), com as suas simbolizações e imagens. Existem diferenças entre a realidade psíquica da criança e a realidade concreta. Para que possamos saber como a criança pensa, o que sente, deseja etc., é preciso que nos guiemos pela sua realidade psíquica, e não pela sua realidade concreta ou por nossa realidade psíquica.
A utilização de atividade lúdica como uma das formas de mostrar os conflitos interiores das crianças foi, sem dúvida, uma das maiores descobertas da Psicanálise. É brincando que a criança revela suas desordens de uma forma muito semelhante que os adultos revelam na fala. No entanto, o brincar e as brincadeiras infantis não podem ser tomados como processos iguais à linguagem e à fala. Eles apresentam uma singularidade típica (MRECH, 1999).
Na brincadeira, o fundamental não é a relação com o objeto, pois ele serve meramente como um mediador entre a realidade e a imaginação. Na brincadeira, o objeto principal é representar o papel, “como se” no brincar não existissem regras determinadas. No entanto, a ficção substitui a regra e desempenha a mesma função. Através do brincar (do jogo) a criança sente-se livre para experimentar tudo o que quiser, ela pode ser tudo e nesse faz de conta, ela imita a vida, o amor, as tristezas (MELLO, s.d.).
Ao brincar, a criança desloca para o exterior seus medos, angústias e problemas internos, dominando-os por meio da ação. Repete no brinquedo todas as situações excessivas para seu ego fraco e isto lhe permite, devido ao domínio sobre os objetos externos a seu alcance, tornar ativo aquilo que sofreu passivamente, modificar um final que lhe foi penoso, tolerar papéis e situações que seriam proibidas na vida real tanto interna como externamente e também repetir à vontade situações prazerosas (ABERASTURY, 1992, p. 15).

3.1.1 O Brincar Segundo Winnicott

A teoria sobre o brincar concebida por Winnicott originou mudanças significativas no pensamento psicanalítico atual. A relação analítica passou a ser apreciada como a criação de um espaço potencial em que duas pessoas tenham a possibilidade de brincar juntas. Apenas assim, o paciente pode desvendar seu self e desenvolver sua criatividade. O brincar transferido para a situação de análise infantil, no contato entre paciente e analista, constitui-se na principal realização da psicoterapia (FELICE, 2003).
Sua teoria do brincar parte do princípio de que a brincadeira é primária, e não resultado da sublimação dos instintos. É uma maneira fundamental de se viver, que facilita o crescimento e leva aos relacionamentos em grupo. O brincar aparece no contexto da relação mãe-bebê, a qual segue um encadeamento no processo de desenvolvimento. Primeiramente, a mãe é percebida como um objeto subjetivo, isto é, criado pelo bebê. A mãe, sensível e direcionada para as necessidades de seu filho, torna concreto o que ele está pronto para encontrar, possibilitando a experiência da ilusão e de controle onipotente sobre o mundo. Em um segundo estágio, o interjogo entre a realidade psíquica pessoal e a experiência de controle de objetos reais cria um espaço potencial entre a mãe e o bebê, no qual a brincadeira começa (FELICE, 2003).
Winnicott acrescenta que além das significações e sentidos, os brinquedos são também objetos transicionais, isto é, eles se encontram no meio do caminho entre a chamada realidade concreta e a realidade psíquica da criança (MRECH, 1999).

3.1.2 O Brincar Segundo Melaine Klein

Para Melaine Klein, o brincar se transforma no componente essencial da análise de crianças, que possibilita o estabelecimento da transferência em análise. O acesso ao seu inconsciente devia realizar-se através da atividade lúdica que vai pontuando os diferentes tempos na direção da cura. É abordada enquanto conteúdo do inconsciente, pois ela é manifestação do desejo e da fantasia inconsciente. O brincar se torna um painel onde é projetado esse universo fantasmático: fantasmas de destruição e de ataque se articulam com sentimentos de depressão e culpa. A dialética da introjeção-projeção é principalmente assinalada na transferência. Indica os momentos da relação da criança com o analista que, para Melaine Klein, correspondem à primazia de um tipo de fantasia dominante (VIDAL, s.d.).
Melanie Klein aborda a psicanálise para as crianças através da técnica do brincar, que até então não tinha sido estudada. Como ela mesma cita, teve um insight a respeito do desenvolvimento inicial e a interpretação que se pode obter através de observações do brincar das crianças, influenciando também em crianças mais velhas e adultos (CARMINATTI, 2005).
Segundo Melaine Klein (1970), o brincar da criança é diretamente proporcional à associação livre do adulto. Pois o brincar e jogar são formas básicas da comunicação infantil, com as quais as crianças inventam o mundo e elaboram seus aspectos internos e os impactos exercidos pelos outros (mundo externo). As crianças jogam, brincam e desenham, não falam como os adultos, encontram no lúdico a forma preferencial de enunciar o que se encontra no registro do inconsciente. Assim, o jogo não é uma simples brincadeira.
Há nela uma preocupação em compreender o significado que a criança exterioriza em cada jogo e com cada brinquedo:
a criança expressa suas fantasias, seus desejos e suas experiências de um modo simbólico por meio dos brinquedos e jogos. Se desejamos compreender corretamente o jogo da criança em relação com a conduta total durante a sessão de análise, devemos desentranhar o significado de cada símbolo separadamente. O psicanalista deve mostrar repetidamente os diferentes significados que pode ter um simples brinquedo do fragmento de jogo" (VIDAL, s.d.).
Melanie Klein notou que a criança expressava suas fantasias, desejos e experiências simbolicamente no brinquedo e acentuou a importância da caixa de brinquedos. Porém quem realmente introduziu o uso da caixa de brinquedos no setting analítico foi Arminda Aberastury. Para esta autora (1992), a caixa representa o mundo interno da criança, o mundo não verbal, contendo as representações inconscientes e as relações com seus objetos. Para Aberastury o uso da caixa privilegiando o jogo e o brinquedo torna-se valioso porque difere do discurso verbal onde o sujeito tem a possibilidade de modificar o seu discurso através das defesas que se organizam para impedir que venha a tona algo que traga sofrimento (REGHELIN, 2008).

3.1.3 O Brincar em Ana Freud

Anna Freud considera o brincar uma questão secundária no marco de sua teoria e técnica em Psicanálise de Crianças. Sua preocupação é a entrada do pequeno sujeito no dispositivo analítico, a partir de um "treinamento" no qual o analista opera enquanto educador. Quando a criança entra no trabalho de análise, sua técnica consiste na interpretação dos sonhos, dos devaneios e dos desenhos. O brincar e a colocação de brinquedos, fundamentais na teoria kleiniana, são para ela métodos substitutivos e contingentes na análise com uma criança. Ela marca sua discordância do simbolismo que utiliza Melanie Klein com relação ao brincar na sessão. O importante para Anna Freud é o fato da criança estar em transferência, ou seja, numa vinculação tal com o analista que possibilite sua intervenção e a interpretação (VIDAL, s.d.).
Anna Freud entendia o brincar como atividade expressiva e não simbólica (pois o simbólico estava ligado ao reprimido) e Melanie Klein via o brincar como alocução e destinado ao analista, pressupondo diferentes níveis de simbolização conforme idade, nível de funcionamento mental, quantidade e qualidade das angústias da criança (REGHELIN, 2008).

3.2 A Entrevista com os Pais na Clínica Psicanalítica da Criança

A entrevista com os pais representam um lugar crucial para a análise com crianças, pois o que está em jogo é o bom andamento do caso e, para tanto, a transferência dos pais, tanto quanto da criança, é de fundamental importância. É imprescindível escutar os pais na medida em que eles estão implicados nos sintomas do filho, o que não significa fazer o tratamento psicanalítico deles, mas ajudá-los a se situarem em relação à sua própria história.
Se nos orientarmos pelos pensamentos de Anna Freud, que enfatiza a situação externa e a realidade precisamos ter entrevistas com os pais para colher informações e, se necessário, orientá-los na educação do filho, ou seja, interferindo na realidade da vida em comum. Se nos basearmos pelos pressupostos de Melanie Klein, que confere uma importância quase que exclusiva aos processos internos, ao tratarmos a criança pela Psicanálise devemos se necessário, encaminhar os pais a outro analista para entrevistas de orientação (PRISZKULNIK, 1995).
As entrevistas de orientação de pais colocam o analista também como educador e é impossível analisar e educar ao mesmo tempo; neste sentido, Melanie Klein tem razão em não receber os pais e encaminhá-los a outro analista Mas as entrevistas não precisam ser de orientação, podem ter o objetivo de ajudar os pais a se re-situarem diante das dificuldades do filho e da própria vida (PRISZKULNIK, 1995).

Conclusão

A clínica psicanalítica com crianças é uma prática intrigante, onde o recurso lúdico torna possível o estabelecimento de um diálogo terapêutico, pautado na necessidade de refletir não apenas nas palavras da criança, mas os sentimentos que estão além destas.  Algumas questões emergem constantemente em torno da participação dos pais no trabalho clínico desde a primeira entrevista onde se percebe a sua relevância desde o inicio. O importante é que cada terapeuta assuma uma postura coerente à sua bagagem teórica e escolha um manejo técnico o mais afim possível aos seus traços pessoais e subjetivos. A multiplicidade de referenciais teóricos e de técnicas exige uma formação sólida, que deve estar vinculada às questões éticas, onde deveria estar pautada a disciplina pessoal do analista.





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